ÉPOCA Debate: Como melhorar a educação no Brasil
Uma análise das questões mais relevantes para o futuro do Brasil
Revista Época.
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O que faz um bom professor
Um projeto de lei federal pretende criar um piso de R$ 950 para 40 horas
Ana Aranha e Marcela Busato, com Ísis Nóbile Diniz e Marianne Piemonte
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Ana Aranha e Marcela Busato, com Ísis Nóbile Diniz e Marianne Piemonte
SOBRECARGA.
Ires Feitosa em sua sala, em São Paulo. Ela dá aulas de manhã e à tarde. À noite, ainda vai às reuniões de planejamento
Depois de 22 anos ensinando inglês na rede estadual de São Paulo, a professora Cristina Campos trocou as salas de aula por uma biblioteca pouco freqüentada. Dentro da escola onde lecionava, conta as horas entre livros que não saem das prateleiras. Ela fez faculdade de Letras e Pedagogia e estudou nos Estados Unidos por um ano. Cristina lembra que, quando era professora, assinava revistas estrangeiras e gravava fitas para os alunos ouvir em aula. “Mas não importa o esforço, o salário não muda. Em algumas classes não tinha nem tomada para o meu gravador”, afirma. “Desisti. Agora, espero o tempo passar para me aposentar.”
Em outra escola da rede paulista, há 25 anos a professora de Português Silvia dos Santos Melo corre de uma sala para outra para dar conta de cada aluno de suas dez turmas de ensino médio. Para o que não ouve direito, ela fala mais alto. Para o que está deprimido, traz um poema. Para o que passa a aula rabiscando o caderno, organiza um campeonato de desenho. “Eu faço tudo para conquistar meus alunos. Não desisto de nenhum.” Sem que ninguém peça, Silvia elabora novos projetos para sua aula e para a escola, como uma radionovela feita pelos alunos para exercitar estilos de linguagem. É uma das professoras que menos faltam. Há oito anos operou um câncer de mama. Continuou dando aula durante a quimioterapia.
Dos professores da 5a série ao ensino médio, 11% acumulam mais de dez turmas Cristina e Silvia são dois extremos. Histórias como a de Silvia costumam ser citadas como exemplo. O ideal em que os outros devem se espelhar. Mas são poucos os profissionais que conseguem superar os obstáculos que fizeram Cristina desistir: salário baixo, falta de estrutura, excesso de alunos. Esperar pela aposentadoria acaba sendo o destino de muitos como ela, qualificados e com experiência. Um desperdício.
Dos professores da 5ª série ao ensino médio, 11% acumulam mais de dez turmas
Os índices de educação de um país estão diretamente relacionados a seus professores. Estudos mostram que, depois do perfil socioeconômico do aluno, o professor é o fator mais relevante para o aprendizado. Um deles é do estatístico americano William Sanders, da Universidade da Carolina do Norte. Ele desenvolveu um método que mede a contribuição de cada professor ao aprendizado da turma. Concluiu que as notas de alunos com o mesmo perfil podem variar dependendo do professor com quem estudam. “Os efeitos do mau ensino são mensuráveis até dois anos mais tarde, independentemente da boa qualidade dos outros professores”, escreveu. “Entre as variáveis da escola que influenciam o desempenho do aluno, a formação do professor é um dos fatores mais importantes”, afirma Reynaldo Fernandes, presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), ligado ao Ministério da Educação (MEC). Mas como identificar os bons e maus profissionais? Qual é a melhor maneira de investir neles para garantir o desenvolvimento das futuras gerações?
Depois de 22 anos ensinando inglês na rede estadual de São Paulo, a professora Cristina Campos trocou as salas de aula por uma biblioteca pouco freqüentada. Dentro da escola onde lecionava, conta as horas entre livros que não saem das prateleiras. Ela fez faculdade de Letras e Pedagogia e estudou nos Estados Unidos por um ano. Cristina lembra que, quando era professora, assinava revistas estrangeiras e gravava fitas para os alunos ouvir em aula. “Mas não importa o esforço, o salário não muda. Em algumas classes não tinha nem tomada para o meu gravador”, afirma. “Desisti. Agora, espero o tempo passar para me aposentar.”
Em outra escola da rede paulista, há 25 anos a professora de Português Silvia dos Santos Melo corre de uma sala para outra para dar conta de cada aluno de suas dez turmas de ensino médio. Para o que não ouve direito, ela fala mais alto. Para o que está deprimido, traz um poema. Para o que passa a aula rabiscando o caderno, organiza um campeonato de desenho. “Eu faço tudo para conquistar meus alunos. Não desisto de nenhum.” Sem que ninguém peça, Silvia elabora novos projetos para sua aula e para a escola, como uma radionovela feita pelos alunos para exercitar estilos de linguagem. É uma das professoras que menos faltam. Há oito anos operou um câncer de mama. Continuou dando aula durante a quimioterapia.
Dos professores da 5a série ao ensino médio, 11% acumulam mais de dez turmas Cristina e Silvia são dois extremos. Histórias como a de Silvia costumam ser citadas como exemplo. O ideal em que os outros devem se espelhar. Mas são poucos os profissionais que conseguem superar os obstáculos que fizeram Cristina desistir: salário baixo, falta de estrutura, excesso de alunos. Esperar pela aposentadoria acaba sendo o destino de muitos como ela, qualificados e com experiência. Um desperdício.
Dos professores da 5ª série ao ensino médio, 11% acumulam mais de dez turmas
Os índices de educação de um país estão diretamente relacionados a seus professores. Estudos mostram que, depois do perfil socioeconômico do aluno, o professor é o fator mais relevante para o aprendizado. Um deles é do estatístico americano William Sanders, da Universidade da Carolina do Norte. Ele desenvolveu um método que mede a contribuição de cada professor ao aprendizado da turma. Concluiu que as notas de alunos com o mesmo perfil podem variar dependendo do professor com quem estudam. “Os efeitos do mau ensino são mensuráveis até dois anos mais tarde, independentemente da boa qualidade dos outros professores”, escreveu. “Entre as variáveis da escola que influenciam o desempenho do aluno, a formação do professor é um dos fatores mais importantes”, afirma Reynaldo Fernandes, presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), ligado ao Ministério da Educação (MEC). Mas como identificar os bons e maus profissionais? Qual é a melhor maneira de investir neles para garantir o desenvolvimento das futuras gerações?
TALENTO PERDIDO
Adriana Rocha na faculdade de Direito. Segunda colocada no vestibular da UFPE, ela desistiu da carreira de professora por causa das condições de trabalho.
Um perfil inédito do professor no Brasil ajuda a responder a essas perguntas. São os dados do EducaCenso, o novo censo da educação, ao qual ÉPOCA teve acesso com exclusividade. Pela primeira vez, o Inep colheu informações sobre cada professor, da creche ao final do ensino médio. O cruzamento dos dados revelou que dois em cada dez professores trabalham em mais de uma escola. E que 36% deles dão aula em mais de um turno (manhã, tarde ou noite). A conseqüência do trabalho dobrado é que, enquanto vai de uma escola para outra, o professor sacrifica o tempo para planejar a aula e corrigir trabalhos. O problema é agravado pelo excesso de alunos. Um em cada dez professores da 5a série ao ensino médio dá aula para mais de dez turmas por semana. São cerca de 400 alunos por professor. “O excesso de alunos pode prejudicar a aula. O professor não consegue pedir redação. Prova, só se for de múltipla escolha”, afirma José Marcelino de Rezende Pinto, professor de Política e Gestão Educacional na Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto.
A formação do professor é a segunda carência apontada pelo censo. Entre profissionais do ensino fundamental e médio, 17% não têm a escolaridade mínima exigida para dar aula. São alfabetizadores que não completaram o ensino médio e professores de Física ou História que nunca foram à faculdade. O cenário não é muito diferente nas escolas privadas, nas quais 27% dos professores não têm ensino superior. Na rede pública, o índice é de 30%.
Cingapura seleciona seus professores entre os 30% de melhor desempenho na faculdade
Melhorar a educação é uma tarefa complexa. O último resultado do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) revelou que o aluno médio brasileiro termina a 4a série sem dominar as quatro operações matemáticas básicas: somar, subtrair, multiplicar e dividir. E que chega ao ensino médio incapaz de interpretar um texto. No Programa Internacional de Avaliação de Alunos, que avaliou 57 países, o Brasil ficou em 53o lugar em Matemática, 52o em Ciências e 48o em leitura. “Há uma constante entre os países que conseguem os melhores resultados em educação: investimento na formação, valorização e respeito ao s professor”, afirma Hendrick van der Pol, diretor do instituto de estatísticas da Unesco.
Pesquisa realizada.
Susana Weyl.
Educadora.
Inclusão Social.
Obrigada.
Documentário Revista Época.
3 comentários:
oi tia..
saudades...
gostei das materias atuais, sao mto interessantes, ate pra sabermos como esta a situaço mundial...
bjs e abraços
Obrigada pelo seu carinho em fazer este comentario.
Feliciodades.
Nossa, amei seu blog prof. muito interessante, assim pelo menos as pessoas podem se conscientizar um pouco mais.
Espero que este módulo seja tudo de bom,o melhor de todos,
esperamos que a SRª seja bem vinda, e q consiga transmitir para nós um pouco de seus cnhecimentos q são muitos pelo que ja podemos perceber no primeiro dia de aula.
Seja bem vinda a Vera.
forte abraço e bjs...
Deus é nosso tudo, ele nos ama, por isso nos fez a sua imagem e semelhança.
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